23 de fev. de 2012

Freud: Os fundamentos do amor.

Nádia P. Ferreira cita vários textos de Freud, além das abordagens sobre o amor neles encontradas. Assim, no texto sobre o narcisismo (1914), são descritas noções de equivalência e desequilíbrio energéticos e a relação destas com a escolha do objeto amoroso. As escolhas poderiam ser então narcísista ou anaclítica. Na primeira, o modelo utilizado é a imagem de si mesmo, já a anaclítica forma-se com modelos das funções materna e paterna.
Em A psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher (1920), Freud afirma que a escolha de objeto apresenta uma relação complexa e não-coincidente. Retomando então o texto de 1914, aqueles que renunciam a uma parte de seu narcisismo lançam-se em busca do amor , transferindo seu próprio narcisismo ao objeto amado. Na escolha anaclítica a origem desta está na idealização, onde as qualidades do objeto são exacerbadas. O objeto amado é colocado no lugar de ideal do eu.
Enfim, o amor fixa-se em certas representações, retornando o sujeito às fantasias, assim como também as pulsões, citadas no texto As pulsões e suas vicissitudes, onde Freud descreve que o amor remete ao auto-erotismo, período mais arcaico da história de todo ser humano.
Este retorno às fantasias também é descrito quanto ao amor de transferência, aquele que, segundo Lacan, há quando supõe-se um saber à outra pessoa, mais especificamente, a suposição de um saber sobre si mesmo no outro.  Continuando com Lacan, é no contexto do retorno à teoria freudiana que ele identifica uma diversidade de amores. Se Freud se dedica mais ao amor como função de idealização, Lacan remete a este como função de sublimação.
O amor como paixão imaginária é definido como um amor que deseja ser amado, visando então o aprisionamento do outro. O apaixonado quer ser amado por tudo, suas súplicas e dores não têm limite. A posição do outro no amor-paixão é a de objeto vestido pelas fantasias do amante. Já o amor como dom ativo visa o outro como ser, que, para Lacan, é amar um ser para além do que ele parece ser, por isso aceita os erros e fraquezas do amado. Este então é o amor como sublimação.
No Seminário 7 é descrito o amor cortês, em que sua característica fundamental é o objeto amado ser inacessível- amor impossível. Sustenta-se na beleza de uma imagem que causa desejo (agalma). Neste se constrói uma organização do significante conduzindo à inibição da sexualidade e à representação da mulher como enigma indecifrável. No amor cortês, amar é renunciar ao objeto amado, amar o amor e seus elementos são o sujeito (amante), objeto (amado) e mais além do objeto ( a falta). É uma maneira refinada de suprir a ausência da relação sexual.
Finalizando, é citado o amor com tragédia, representado por Antígona. Ao passo que toda a trama vem significar o amor como suplência ao real. O amor que se sustenta em um desejo, dirigido a um objeto perdido, situado para além do bem e do mal. Este também como função de sublimação.
Embora demonstrando tantas compreensões da psicanálise sobre o amor, a autora refere que muitos séculos antes do nascimento da psicanálise já se produzia um saber acerca do amor e do mistério indecifrável do Outro-sexo, além da constatação de que a todos os amores, seja como função de idealização ou sublimação, o traço comum é o sofrimento.



15 de fev. de 2012

... continuação do livro : A teoria do amor.



O Beijo é uma escultura em mármore do artistarealista Auguste Rodin que está atualmente noMuseu Rodin (Musée Rodin), em Paris"O Beijo" originalmente tinha o nome "Francesca da Rimini", pois descreve a nobre do século XIIIitaliano imortalizado no Inferno de Dante (Círculo 2, Canto 5) que se apaixona por Paolo, irmão mais novo do seu marido Giovanni Malatesta. Tendo-se apaixonado ao ler a história de Lancelot eGuinevere, o casal é descoberto e morto pelo marido de Francesca. Na escultura, o livro pode ser visto nas mãos de Paolo. Os lábios dos amantes não se tocam realmente na escultura, sugerindo-se que eles foram interrompidos aquando da sua morte, sem seus lábios nunca terem sido tocados.http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Beijo


       No amor, o desejo está relacionado à falta e não ao sexo, pois no desejo sexual o outro é capturado como objeto. Já o desejo é de ordem subjetiva e está sempre se deslocando de um objeto a outro. Quanto ao desejo sempre há outro objeto, e mais outro e ainda outro. O amor é então, justamente a tentativa de suprir esta falta.

      Dando sentido ao gozo, Lacan afirmou que a relação sexual é impossível, sendo-o portanto, somente um gozo parcial. Sendo o corpo, o lugar do gozo, entre uma parte do corpo que goza e outra que falta gozar se interpõe a palavra. Assim há uma suposição de um mais-gozar que implica falar de amor, sofrer por amor, retirando gozo da fala e do sofrimento. O gozo é o mais além do princípio do prazer e o excesso de gozo é dor, como escreveu Almeida Garret. Os amantes então, sob o império do gozo, sofrem, morrem de amor e por amor.


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13 de fev. de 2012

Ah... se ele existisse...




Um pouco do livro "A teoria do amor" de Nádia P. Ferreira.


“Amar é um acontecimento que não se esquece. Quando se é surpreendido pelo amor, o cotidiano se transforma e tudo que cerca a vida do amante adquire novos sentidos. Então perguntamos: o amor é isso? Sim, mas não é só isso. É muito mais.” (Ferreira,2004,p.8)


Nádia P. Ferreira é psicanalista e professora titular de literatura portuguesa do instituto de Letras/Uerj. De maneira acessível a autora  torna compreensível o entendimento da psicanálise sobre o amor.
Antes mesmo da psicanálise, o sentimento já era questionado por escritores e poetas. Estes exaltavam-no quanto aos sonhos, saudades e tristezas, enquanto aqueles dispunham de histórias vistosas. Já na literatura ocidental, século XII adiante, o amor é tido como promessa de felicidade, ligado ao sofrimento. Fábula  permanente nos dias atuais. Desta forma, o afeto é explicado, partindo de sua estrutura enigmática, relacionado com a castração, desejo e gozo.
Quanto a castração, inclusão do real, aponta a falta do objeto de desejo. Entre as posições de amante e amado, ou seja, sujeito e objeto, há o contra-senso onde  aquilo que falta ao amante é justamante o que o amado também não possui.  Porque não há objeto do desejo não quer dizer que não existam muitos objetos a causar desejo. Porém, não é Aquele que conduz à felicidade - ah, se ele existisse…-. Sendo então o propósito do homem desejar, amando na lógica do não-todo.


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7 de fev. de 2012

Correio ecologia

Resolvi ler o Correio do Estado hoje e me deparei com o aniversário de 58 anos do jornal, ou seja, um jornal caprichado, com formatação toda renovada, e com o lema: O visual novo é para mostrar que é possível continuar se renovando sempre. 
Um caderno sobre ecologia ótimo, ainda mais porque foi editado por alguém tão especial para mim. 

Seguem alguns recortes:


A realidade distorcida


Nos dias de hoje nos deparamos com uma questão de ordem ecológica e homeostática, que nos confronta com os milênios de cativeiro nascisista e egoísta em que nossa humanidade existe, que é pensar infinitamente mais em nós mesmos como bolhas existenciais isoladas do que no grupo humano inserido em conjuntos vitais maiores e mais sofisticados, como a natureza, a sociedade e o Plano Mestre que é o próprio universo. 

Na prática essa atitude é um tiro no próprio pé, um impulso autodestrutivo, porque não há como acomodar num planeta como o nosso, bilhões de humanos, cada um interessado apenas em sua satisfação pessoal, predando a realidade sem dar nada, ou muito pouco, em troca. Uma das vantagens de nosos planeta nunca ter sido tão populoso quanto agora é essa, nos confrontar com essa realidade distorcida. 

( Publicado em 07/02/2012 no Correio do Estado, Caderno B)


Dicas para evitar o desperdício de alimentos

- Planeje suas comprar para não colocar no carrinho mais que o necessário. 

- Confira a data de validade dos alimentos e certifique-se de que irá consumir antes dela. 

-Aprenda a controlar o " olho maior que a barriga".

- Divida a prática com pessoas próximas.

- Evite colocar na panela mais do que vai para o prato.

- Use a criatividade e faça novas receitas, reaproveitando.