20 de nov. de 2012

Bolero de Ravel

Curioso como os significados vão criando forma. Para isso é preciso muita associação, dias e dias de intensa pesquisa do inconsciente.

A psicanálise nos ajuda nisso. E o sentido inconsciente é este que quando surge, dá lugar a uma transformação. Algo que era, já não é mais, vira outra coisa, tem outro sentido... e isso muda a vida do sujeito. Minha pesquisa de mestrado tem a ver com esta transformação, a sublimação. A música é uma destas formas.

Então, voltando ao Bolero de Ravel, pesquisando sobre a música encontrei que é uma melodia repetitiva e uniforme, mais especificamente: " tem um ritmo invariável, com a duração teórica de catorze minutos e dez segundos. Deste modo, a única sensação de mudança é dada pelos efeitos de orquestração dinâmica, com um crescendo progressivo e uma curta modulação em mi maior próxima ao fim, mas retorna ao dó maior original faltando apenas oito compassos do final. " (Fonte wikipédia)

Estou sempre tentando unir as semelhanças dos conceitos que vem da música, e os da psicanálise, e na primeira aula de história da música que assisti semana passada, a todo momento eu pensava: parece que estou numa aula de psicanálise, mas com outros nomes de conceitos, porém,  a mesma estrutura e funcionamento. Era uma aula sobre história da música grega, com as evoluções do significado da música entre os séculos IV até IX.

Pra mim é interessantíssimo pensar nestes significados parecidos...

Não é semelhante?

o sujeito é esta melodia repetitiva, 
não uniforme...
mas tem um ritmo invariável, uma repetição que sempre retorna afim de fazer outro sentido...

a sensação de mudança é dada pelas escolhas que vão surgindo e , passando por elas, o sujeito pode entender se é este seu desejo ou não, se ainda é outro... e outro... até que UM faça sentido.

Como li no meu inseparável Manoel de Barros, poesia completa, "Porquanto como conhecer as coisas senão sendo-as?" JORGE DE LIMA.

Isso não é lindo?!

A música e a psicanálise tem este poder de encantar, dar um sentido além... 


5 de nov. de 2012

Muita música pra contar...


Não havia me interessado a conhecer João Pessoa, na Paraíba... é claro, eu não sabia que ia encontrar tanta música por lá.
Alguns dias antes de ir, fiquei sabendo que lá tinha um por do sol na praia do Jacaré, ao som do bolero de Ravel. Segue o vídeo com a entrevista do músico. http://www.youtube.com/watch?v=LAUf1O_Ghhk&feature=related. Essa notícia já me deixou animadíssima. Havia algo para mim naquele lugar desconhecido. O guia que nos recebeu no aeroporto chamava-se Mozart! Pensei: Pronto... é aqui! (risos)

Na verdade eu pensei isso mesmo, mas foi só uma forma engraçada de saber como eu iria me divertir ali, pois praia e sol já estavam garantidos, e eu queria mesmo descansar. 
Na primeira noite, quarta feira, visitamos um show que realizam para turistas chamado by night... música, música e música. Regional, brasileira...posso dizer que iniciamos com chave de ouro. Quinta e Sexta eram os dias de conhecer as praias do Sul e Norte. Praias lindas. Vale a pena!
A noite, para não ser diferente encontramos dois bares a beira mar, com música boa e de muita qualidade. Fiquei surpresa em ouvir bossa nova, MPB da boa... dá vontade de falar como os argentinos quando conhecem algo assim a primeira vez e dizem: Encantada!!! 
Eu já estava encantada... 
E então fomos para o entardecer na praia do Jacaré. As 17h o bolero começou... nós choramos, eu, meu pai e minha mãe... muito emocionante. Não sei quantas pessoas pararam para ouvir aquele momento. Na foto abaixo aparece um pouco... todos param... para ouvir aquele homem, em cima de um barco pequeno e singelo, tocar maravilhosamente bem, enquanto o sol se põe. Essa palavra: singelo, significa tanto pra mim...e olha que fui e voltei agarrada no livro do poeta das insignificâncias, Manoel de Barros.  
Enfim, a noite acabou ao som do violino de Belle Soares, uma menina, digo, nova, quase da minha idade talvez... pode?! Eu trouxe um CD autografado claro...  Aliás, que coisa arretada é essa, q esses meninos já são músicos tão cedo?!?!?!?!

Acho que de tudo o que fez mais sentido foi que a poesia anda por lá assim, de canto em canto... numa tarde simples agente pode ouvir Sax, Violino, MPB... é uma magia sem fim...



Há muitas maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira. Manoel de Barros-Livro sobre nada.