6 de jan. de 2013

As aventuras de Pi

                               


Eu não iria assistir o filme por seu nome, parece tão clichê, logo pensei que seria mais um daqueles filmes que durmo antes da metade, quando a ficção passa dos limites. Mas vejam só, fiquei encantada. A história é de um menino que se sente "estranho" em sua casa, procura todos os deuses possíveis, encontra um amor e precisa se despedir e fica só, com um tigre, após um náufrago, em um barco pequeno.




Em meio a trama, que tem um suspense gostoso de ver, ele encontra um caderno. Ele, o menino, se chama Piscine, por isso Pi. As mostras sobre o nome também são interessantes. Eu quero mesmo é falar deste caderno que é um ítem essencial de sobrevivência para ele.

Em um trecho, ele diz algo sobre a palavra e isso soa um divisor de águas naqueles dias de tormenta.

O menino encontra um caderno e um lápis no kit de sobrevivência. Começa a escrever seus pensamentos. Isso o faz ficar acordado, alerta e com seu raciocínio em atividade. Ele precisava de algo que o mantivesse aceso. Embora tivesse um tigre ao lado, que já era um bom motivo.

Novamente, no trecho sobre a palavra, e vendo a cena em que escreve no caderno, me vem a psicanálise em mente. A palavra para ele foi um ponto de apoio. Ele escreveu várias vezes, até seu lápis acabar...

Muitas vezes é disso que precisamos, falar, falar, colocar a palavra para funcionar, para fora, tirar de dentro, fazer sentido com ela.

Pi chega numa praia do México e no momento em que se separa do tigre, que foi seu companheiro de tantos dias difíceis, ele queria apenas um olhar de despedida, que o animal não dá, segue em frente. O menino queria pelo menos que aquele animal feroz tivesse um pequeno momento de sensibilidade. E no filme há neste trecho algo dizendo que as vezes precisamos apenas deste tempo para nos despedir de algo importante.

É um filme sensível... e isso bastou. A psicanálise ficou por minha conta.

Vale a pena...em 3D.